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Sentimento de culpa por deficiência da filha pode ter levado mãe a matá-la
24/06/2020

 

Mulher relatava a familiares que se sentia culpada e tinha medo da filha ser discriminada

 
Alex de Jesus
Mãe e filha foram enterradas nesta terça-feira no Cemitério Parque Boa Vista, em Sete Lagoas
Foto: Alex de Jesus

Nas ruas pacatas do bairro Nova Cidade, em Sete Lagoas, na região Central do Estado, a tristeza tomava conta dos olhares de cada morador nesta terça-feira (23) por conta de um crime sem explicação. Mãe de três filhos e casada com Darlys Nascimento, Fabiana Aparecida Fernandes, 46, matou a caçula, de apenas quatro anos, com um tiro e em seguida tirou a própria vida com outro disparo. As duas estavam sozinhas em casa no momento do crime, que aconteceu na última segunda.

Pouco depois, Darlys voltava com os dois meninos mais velhos, de 14 e 19 anos, quando encontrou a esposa e a filha caídas no chão do quarto. Do lado, a arma utilizada pela Fabiana. O Samu chegou a ser acionado, mas constatou o óbito ainda no local. E junto com a dor da perda e a família estraçalhada, veio também o questionamento do motivo que levou a mulher a provocar as mortes – elas foram enterradas no início da tarde, no Cemitério Parque Boa Vista.

De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, a cunhada da Fabiana relatou que há 15 dias teria conversado com a mulher sobre a deficiência visual e cognitiva da menina. Na ocasião, ela reiterou temer que a filha fosse discriminada pela sociedade. Já o marido acrescentou que o relacionamento era normal, porém a dona de casa se sentia culpada por ter a filha após os 40 anos, o que supostamente teria causado a deficiência. 

Vizinho de porta na rua Venezuela, José Afonso, 67, tem um pequeno mercado no local. Também abalado pelo caso, ele conta que não ouviu nenhum dos disparos da arma de fogo. “A casa é muito grande. Tudo aconteceu no segundo andar, no quarto que é virado para o outro lado. Ficamos sensibilizados”, relata.

José Afonso conta que a garotinha Laura chamava-o carinhosamente de vovô. Sempre de mãos dadas com a mãe, o vizinho lembra ainda o amor que Fabiana demonstrava ter pela pequena. “Ela tinha um carinho imenso com a menina, muito mesmo. Foi algo que deu na cabeça dela e aconteceu, não tem outra explicação”, diz. 

Amigo de infância de Darlys, o marceneiro Rogério Ferreira Pacheco, 62, que mora no bairro há 38 anos, compartilha a opinião. E ele falou com apreço de toda a família. “O Darlys conheço há muitos anos, desde quando eles mudaram pra cá. Ele é trabalhador, honesto. Nunca soube de qualquer problema na família. A gente sempre conversou muito, mas ele nunca disse nada sobre isso”, comenta.

Rogério Pacheco ressalta ainda que a comunidade está em choque. “Nunca imaginávamos que fosse acontecer isso. Inclusive tem três dias que ela passou aqui na porta com a menininha, tava levando ela na casa da sogra, cumprimentou todo mundo, normal”, afirma. 

Conforme o marceneiro, Fabiana transmitia uma boa índole e era bem quista por todos na comunidade. “A mulher era bacana demais, uma educação para conversar com você. Ela ficava mais por conta da menina, acho que nunca vi ela trabalhando. O Darlys é a mesma coisa de um irmão para mim, conheço ele desde menino, sempre foi muito prestativo”, enfatiza.

Relato emocionado

Eni Alves, 58, fazia sempre costuras para Fabiana. Emocionada e com a voz embargada, ela recebeu a reportagem em casa e conseguiu dizer poucas palavras. "Ela era uma pessoa muito boa. Não sei o que aconteceu, éramos muito amigas. A Fabiana vivia sempre com a filha, era muito doce, maravilhosa. Não tenho nada a falar que não seja isso".

Já a dona de casa Margareth Perpétua, 57, viu quando a avó da pequena Laura recebeu a notícia da morte. Vizinha da família há quase 40 anos, ela conta que nunca presenciou um acontecimento tão triste. "Todo mundo ficou em choque, eu vi a hora que a avó passou correndo aqui, gritando, eu tava na sala fazendo crochê e escutei ela gritando a filha Jaqueline. Ficou todo mundo abalado, minha filha olhava a menina deles de vez em quando", finaliza.

Conforme os vizinhos, Darlys trabalhava com autópsias na Polícia Civil e, por isso, a família poderia ter uma arma. Em nota, a corporação informou que realizou os trabalhos iniciais com a perícia e investigadores no local do crime. Pelos levantamentos, a mãe teria atirado na filha e logo em seguida cometido suicídio.Os trabalhos seguem em andamento para identificar a motivação do crime.

 

 


 

 

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