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Marco Antônio Lage: "Itabira terá a melhor Apac do Brasil"
Apac 11/04/2016

 

 
DIVULGAÇÃO
Marco Antônio Lage defende a instalação da Apac em Itabira

O itabirano Marco Antônio Lage, diretor da Fiat e coordenador voluntário do Instituto Minas Pela Paz, voltou a se manifestar (leia a primeira aqui) sobre a instalação de uma sede da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) no município e toda a polêmica gerada desde que a comunidade de Córrego do Meio se posicionou contra a obra na localidade.

Marco Antônio é um dos principais defensores da Apac em Itabira. Em tom conciliador, ele pede que seus conterrâneos se abram para o projeto e para a metodologia que tem obtido resultados favoráveis na recuperação de detentos em todo Brasil. Leia, na íntegra, o artigo:

Itabira terá a melhor Apac do Brasil

O episódio agressivo que vitimou a Apac de Itabira na noite do último dia 03 de abril é carregado de significado. Mesmo há dias impedindo a instituição de continuar a terraplanagem no terreno que a pertence, cedido pela União há sete anos, a Apac vínha tratando com imenso respeito a mobilização comunitária, inclusive com voluntários indo de casa em casa para prestar esclarecimentos, aprofundar o diálogo entre vizinhos e quebrar o preconceito que o tema penal carrega. Mas o canteiro de obras foi invadido na calada da noite. Quebraram tudo! Um crime. As responsabilidades ainda serão apuradas pela Polícia, conforme compromisso da Polícia Civil e do Comando Geral da PM em Minas, um dos principais parceiros do  instituto que dirijo, o Minas Pela Paz.

Mas o meu temor é que esta  história, moldurada por crimes como a quebradeira do dia 3 de abril, saia da imprensa itabirana e estampe as manchetes da grande imprensa nacional, repercutindo uma imagem negativa que Itabira não merece. Episódios como este na mídia nacional é que afastam os investidores que tanto a cidade busca. Do jeito que as coisas vão, podemos acabar até nas páginas internacionais, desta vez, não pela poesia de nosso filho maior nem pelo valor de nosso solo, mas infelizmente pelo inacreditável comportamento de cidadãos equivocados que atacam a construção de uma Apac.

Vejam o apelo que estamos produzindo para a imprensa: cidadãos, até então não criminosos, cometem crime contra local dedicado à educação para criminosos. Itabira será vista então como uma cidade que combate o crime com crime. Um absurdo! Ainda mais quando observamos a atitude de algumas lideranças locais que, ao invés de buscarem uma solução para o conflito,  só fazem acirrar uma disputa desnecessária, inflamando rivalidades como se houvesse dois lados.

Estamos tentando construir em Itabira uma obra social que é uma verdadeira obra de arte. É inclusive um produto de exportação, que coloca o Brasil como referência em alguma coisa boa para o mundo. Além de samba e futebol (opa, nem futebol temos mais), além de samba e oito mil quilômetros de costa atlântica e tropical, temos o método Apac, que é uma revolução em termos de segurança pública. Estamos atraindo atenção do mundo inteiro pela eficiência na recuperação através da não violência. Já são 23 países interessados no método e que vêm discutindo com o FBAC (Fraternidade Brasileira de Assistência ao Condenado) e o Minas Pela Paz a implantação de Apacs. Entre eles Itália, Holanda, Alemanha, República Tcheca, e outros países europeus, africanos e sulamericanos.

Por aqui, o  Minas Pela Paz está discutindo com o Governo do Estado e o Tribunal de Justiça um vigoroso projeto para implantação de no mínimo uma Apac em cada uma das 296 comarcas mineiras, com capacidade para recuperar pelo menos 20 mil detentos e promover uma economia de quase 6 bilhões de reais para os cofres públicos. Isso porque o custo de uma Apac é quatro vezes menor que o custo do sistema prisional comum. E recupera cinco vezes mais. Itabira não terá Apac? Ou vamos construir uma Apac modelo internacional na nossa cidade? Se conheço bem os itabiranos, orgulhos de ferro que somos, aposto na segunda opção.  

É um dever do cidadão brasileiro olhar para este grande problema que é o sistema prisional. Ele consome mais de 25 bilhões de reais por ano dos impostos que nós pagamos e não recupera ninguém (pelo contrário, aperfeiçoa a técnica e amplia a network dos criminosos). O Brasil tem mais de 600 mil presos e as previsões, se nada for feito, é chegarmos a 2 milhões de presos em 2030. Não haverá presidio para todo mundo nem dinheiro para sustentar tanta gente dentro do modelo superlotação atual. Por isso defendemos o método Apac. E Itabira pode e deve se unir para ter a melhor Apac do Brasil e chamar a atenção do mundo todo para sua iniciativa. Isso, sim, gera matérias positivas na mídia internacional, atraindo investimentos, a atenção de novos empreendedores e ajudando a decolar outros projetos socioeconômicos na cidade.

O que vimos, ao contrário, é gente instigando um grupo de pessoas a brigarem contra a instalação da Apac em um terreno que pertence à instituição desde 2009 e que, desde então, junta dinheiro honesto para começar sua obra. Como é que uma instituição que tem tanta credibilidade pode ser tão atacada? Por que um local de RECUPERAÇÃO de seres humanos merece ser desqualificado dessa maneira? Antes de nascer em Itabira, alguns poucos itabiranos já a degolam? Este é o ponto. O ponto do mal exemplo. Exemplo que vai afastar investidores porque a cidade demonstra não oferecer confiança e segurança. Por incrível que pareça, é esta briga idiota e não a Apac que poderá inviabilizar o vital Parque Tecnológico. Mesmo que a Apac mude de lugar, poderá ser tarde demais. O que está em jogo não é a localização da Apac. O que está em jogo é como Itabira reage aos conflitos e como a cidade se mobiliza (ou se imobiliza) para resolver questões conflituosas como esta. O empresário pesquisa muito antes de investir o seu dinheiro. E para decidir ele precisa mais que incentivos. Ele procura saber se a cidade oferece educação de qualidade, mão de obra qualificada, segurança e, sobretudo, se a cidade tem uma comunidade engajada no projeto de desenvolvimento. Este é o ambiente que eles procuram para garantir sucesso ao seu plano estratégico.

Ninguém pode ter dúvidas sobre a relevância da implantação do Parque Científico e Tecnológico em Itabira. Nossa cidade não tem mais tempo para promessas e precisa pisar no acelerador para viabilizar projetos concretos que nos levem ao desenvolvimento econômico. A mineração é finita e, em Itabira, já está em seu último ciclo. O olhar sobre um novo perfil de indústria, com foco na tecnologia e na ciência, lançado por lideranças empresarias como o Kléber Guerra, a Acita em parceria com a Unifei, deve ser um esforço não somente de um grupo de pessoas, mas de todo itabirano. Ou se amplia a Unifei (que foi uma das melhores iniciativas surgidas na cidade nas últimas décadas) como base de apoio fundamental ao Parque Científico e Tecnológico, ou Itabira estará fadada ao fracasso e ao abandono. Foi o que aconteceu com tantas cidades mineradoras do mundo que se transformaram em verdadeiras cidades fantasmas após a exaustão mineral. Os vereadores da cidade deveriam visitar algumas delas, porque muitas vezes encontramos soluções para os nossos problemas aprendendo com o problema dos outros. 

Naturalmente o Parque Tecnológico e a Unifei não será tudo. Não podemos depositar todas as esperanças no futuro apenas neste projeto.  Precisa-se também de um olhar sério sobre o turismo, a cultura, a produção compartilhada na zona rural para que outras fontes de receita possam gerar riqueza e renda para as famílias itabiranas. Mas tudo isso exige trabalho árduo e consciente. Não acontece ao acaso. Precisa de projeto, articulação política em âmbito regional e nacional, precisa saber quem são os responsáveis pelos projetos e quais as metas, prazos e cronogramas para que a população engajada possa acompanhar e participar.

O Parque Tecnológico deveria ser um ótimo exemplo deste início de retomada. Porém, é preciso envolver a comunidade, independente da pequenez política, para concretizar este sonho. Um sonho possível, que vai demandar um grande volume de recursos financeiros ainda não acessíveis. Um sonho que não se realizará sem a sustentação de uma sociedade moderna, responsável, consciente.  Portanto, o primeiro passo é parar de perder tempo fomentando uma briga entre comunidade e voluntários, gente do bem, querendo fazer uma Apac em Itabira. Como pretendemos ser o Vale do Silício brasileiro se depredamos obras sociais?  Nunca o seremos!

O que fez o Vale do Silício ser o maior campo de tecnologia e empreendedorismo do mundo não foi apenas grandes ideias de poucos, mas toda uma comunidade criativa, viva, aberta e generosa que possibilitou a criação e implantação das grandes ideias que foram atraídos para lá. Se uma comunidade madura não estiver envolvida, nada acontece. Não será alimentando
a fome egoísta de votos nas eleições municipais nem agindo à favor de interesses particulares que vamos construir este sonho. Precisaremos estar atentos para impedir que pessoas que abusam da boa fé do povo manobrem uma agitação estúpida.

Tanto para viabilizar o Parque Tecnológico como a Apac, a única e efetiva saída será a junção de esforços com vistas ao interesse coletivo. Polarizações, neste caso, em nada contribuem. Itabira precisa de um salto econômico que a atração de investimentos para um parque tecnológico pode ocasionar. Mas isso não irá acontecer sem o urgente amadurecimento da sociedade. Porque cada empresa interessada em migrar para as nossas paragens saberá através do Google o registro dos dias atuais, quando cidadãos rejeitaram com agressão, desrespeito e crime uma instituição magnífica de valorização da vida humana chamada Apac.

Mas temos uma chance concreta de mudar isso: que tal sentarmos todos à mesma mesa levantando bandeiras brancas com o compromisso genuíno de construir solução?  Como dirigente voluntário do Minas Pela Paz e como itabirano interessado única e exclusivamente no desenvolvimento da minha cidade - e que já contribuiu com obras relevantes para a comunidade, como a escola do Sebrae e a restauração da Casa de Drummond -, convido as lideranças da cidade para o desafio de co-construção de uma solução honesta, objetiva e útil para o tema Apac. Está proposto um bom teste: Ou esse comitê terá capacidade de resolver esse imbróglio da localização da Apac ou ficará provado que Itabira não está madura ainda para maiores saltos do que o limite de suas altas montanhas ainda ricas em minério de ferro.

Se desse comitê, do qual terei o prazer de participar pessoalmente, não resultar uma saída, o parque tecnológico será apenas mais um sonho perdido entre as montanhas já vazias e esgotadas de riqueza. Porque a briga sobre a Apac tende a esquentar (sobretudo motivada por políticos a caça de votos) e a grande imprensa chegará em Itabira para registrar e repercutir esses fatos muito negativos. Seria lamentável!

Com olhos de boa vontade, postos no horizonte de um futuro melhor para todos, inauguramos aqui  este convite à solução. Convite este que vem acompanhado de mais um chamado àqueles que ainda não se dobraram à relevância e valor do projeto Apac. Venham conhecer a metodologia e constatem que não há razão para preocupações. Estamos à disposição para mostrar-lhes bons exemplos desse trabalho que Minas exporta para o mundo. Basta querer enxergá-los para colocar Itabira neste mapa do desenvolvimento sustentável.

 


 

 

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