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Histórias por trás do vício no crack
Livro lançado por jornalista mineira é adaptação de série de reportagens publicada em 2015 23/01/2019

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Acolhimento. Na publicação, Sandra Kiefer vivenciou a realidade de sete pessoas nas ruas de BH
PUBLICADO EM 23/01/19 - 03h00

Sete histórias que se encontraram em um vício. Durante um ano, a jornalista Sandra Kiefer vivenciou a realidade de sete pessoas que conviveram com o crack nas ruas de Belo Horizonte. A droga barata e potente mudou trajetórias como a de um estudante de medicina, uma dona de casa e uma travesti. Esses e outros personagens são retratados pela jornalista no livro “O Crack Como Ele É”, lançado no fim de 2018.

A obra é resultado da adaptação de uma série de reportagens publicada em 2015 e ganhadora do Prêmio de Jornalismo Chico Lins. Para ela, a experiência de estar embaixo do viaduto, ao lado de pessoas em situação de dependência, humaniza quem está ali precisando ser acolhido. “Não tem um perfil. Todos os dependentes começam por algum conflito familiar, seja por separação, traição ou desemprego. Diferentemente de outras drogas que muitos experimentam pela curiosidade, o crack exige coragem dessas pessoas. É uma das drogas de maior poder viciante e das mais difíceis de se livrar”, afirmou a escritora.

No livro, nomes reais, bairros, cidades e instituições foram substituídos por fictícios. Com relatos de pessoas que lidam com a doença sob diversos pontos de vista – desde um padre militante da causa, administrador de uma comunidade terapêutica que acolhe mulheres, até a mãe de um dependente químico –, Sandra lamenta não conhecer alguma história de superação do vício. “Espero que tenha, mas eu não vi. Conheci uma mulher que ficou um mês sem a droga, mas acabou recaindo. É complexo, e as políticas não têm sido eficazes”, pontua. “É um sofrimento para o usuário, para a cidade e, sobretudo, para a família. Conheci uma mulher que nunca abandonou o marido na cracolândia. Ela sempre ia com uma panela de carne e batata”, completa.

Brasil

Crack. O país é o maior mercado consumidor da pedra no mundo. Segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, realizado em 2012, cerca de dois milhões de pessoas já usaram a droga no Brasil.

 

Minientrevista

Sandra Kiefer

Jornalista e escritora

As políticas de combate ao crack têm funcionado?

Dos meus sete personagens, um morreu, e a que estava limpa recaiu. Eu percebi durante esse tempo de convívio e pesquisa que é muito difícil encontrar locais de internação, principalmente para mulheres, crianças e jovens. É um problema complexo, não é nada fácil. Para conseguir internação, é preciso ter carteira de identidade, uma espécie de documento dentário e a avaliação de um médico. Imagine a pessoa naquela condição correr atrás de tantas coisas. A questão não é olhar para eles porque eles estão nos incomodando. Não podemos deixar essas pessoas morrerem, é falta de humanidade. O problema é que são invisíveis, ninguém quer saber deles.

Existe alguma solução?

Eu espero que tenha. Ninguém quer proibir a liberdade, mas uma vez um promotor me disse que primeiro tem que partir da pessoa querer ser internada. Ele acredita que é preciso desintoxicar essas pessoas por um mês, seja em uma clínica ou em um hospital. É uma questão de saúde pública. Depois desse tempo, você perguntaria para a pessoa de “cara limpa” se ela quer continuar ou se quer sair do vício. Eu vejo a internação involuntária, que é pedida por um médico a pedido da família ou de algum responsável, como uma saída.

 


 

 

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