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Falta de estrutura em hospitais coloca pacientes em risco
Levantamento feito pelo CFM mostra que há unidades sem área para que médicos lavem as mãos 10/05/2019

 

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Cerca de 50 funcionários da unidade de saúde participaram do ato
Foto: Uarlen Valério

Um levantamento inédito divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) revela como a precariedade das instalações hospitalares coloca em risco a saúde de pacientes das redes pública e privada no país. Os resultados apontam, por exemplo, que dos 102 centros cirúrgicos existentes nas unidades avaliadas, 33% não têm equipamento com bateria para iluminar o paciente em caso de falta de energia elétrica, falha que pode inviabilizar a continuidade de procedimentos em andamento.

Em 3% dessas unidades, não há sequer área para higienização das mãos dos médicos, falta grave que aumenta os riscos de infecção hospitalar, uma das principais causas de morte entre doentes hospitalizados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Departamento de Fiscalização da entidade percorreu, no ano passado, 506 hospitais brasileiros, sendo 128 deles em Minas. Os fiscais analisaram as condições estruturais, as instalações e os equipamentos dos hospitais, que foram escolhidos de forma aleatória. A análise foi feita por módulos, uma vez que nem todas as unidades de saúde contam com todos os tipos de serviço. O resultado foi um pente-fino em salas de cirurgia, Unidades de Terapia Intensivas (UTIs), salas de recuperação pós-anestésica e unidades de internação.

“A dignidade humana está sendo desrespeitada nessas circunstâncias”, avalia Emmanuel Fortes, coordenador do Departamento de Fiscalização do CFM.

Das 68 UTIs existentes nos hospitais analisados, faltavam monitores cardíacos em 41%, e 35% delas não tinham ventilador mecânico com bateria para ser usado durante o transporte de doentes. Nas salas de recuperação pós-anestésica, medicamentos considerados básicos para a recuperação de pacientes – como diclofenaco de sódio e escopolamina – também não foram encontrados em ao menos 13% das unidades vistoriadas.

Nas enfermarias, a situação não é diferente. Mais da metade dos quartos visitados registrava superlotação, segundo o conselho. Em 63%, faltavam lençóis para as camas dos pacientes, e 17% não contavam com camas reguláveis. Além do desconforto imposto aos doentes, quem acompanha os pacientes também é impactado pela precariedade do sistema. Em 26% dos quartos, não havia biombos para separar os leitos, e faltavam poltronas para acompanhantes em 15% dos espaços.

Quadro preocupante

Para Fortes, o levantamento revela um quadro preocupante das condições da infraestrutura hospitalar das redes pública e privada e serve de alerta tanto para a sociedade quanto para os profissionais da saúde e as autoridades.

“Essas coisas demonstram bem que nós temos uma real preocupação com a condição de trabalho do médico e com a segurança que deve ser dada ao paciente. Não é luxo, luxo é outra coisa. Estamos falando das coisas simples”, defende o médico.

Protesto por melhores condições

Cerca de 50 funcionários do setor de enfermagem do Hospital Júlia Kubitschek (HJK), na região do Barreiro, em Belo Horizonte, paralisaram as atividades na manhã desta quinta-feira em protesto contra a situação de trabalho que, segundo os manifestantes, é precária.

“As condições e a sobrecarga de trabalho dos funcionários atrapalham também os pacientes. Em um turno de 12 horas, os profissionais estão atendendo cerca de cem pessoas, fora as que já estão sendo atendidos’, diz Carlos Augusto dos Passos Martins, presidente da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais (Asthemg).

Ele afirma que o hospital possui de oito a 12 enfermeiros por plantão e de dois a três médicos. “Mas já tivemos dias com apenas um médico”, diz Martins.

Ainda conforme o sindicalista, devido à falta de espaço, pacientes – incluindo os que estão com doenças infectocontagiosas – estão ficando amontoados. “As macas ficam bem próximas, com homens e mulheres que precisam tomar banho, fazer as necessidades fisiológicas. Pedimos mais leitos para os pacientes internados, aumento dos funcionários durante os plantões e melhores condições de trabalho”, afirmou Martins. Segundo ele, a escala mínima para atendimento dos pacientes nesta quinta foi mantida.

Em nota, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela unidade, informou que já tomou as providências cabíveis, inclusive com a contratação de mais profissionais. A Fhemig afirmou que o HJK tem 275 leitos ativos (83 leitos na emergência). (Carolina Caetano)

Outro lado

Resposta. O Ministério da Saúde informou que é responsabilidade do gestor local fazer a manutenção dos serviços de saúde. Procurada nesta quinta-feira, a Secretaria de Estado de Saúde de MG disse que precisaria de mais tempo para se posicionar.

 

 


 

 

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