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Brumadinho tem Dia das Mães de dor e tristeza para famílias
Mães que perderam seus filhos e órfãos de rompimento de barragem vivem domingo de luto 12/05/2019

 

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Enquanto muitas mães recebem abraços e são homenageadas pelos filhos neste domingo, Dia das Mães, a professora Andresa Rodrigues, 42, estará na missa de sétimo dia de sepultamento do único filho dela, o técnico em processamento da mineradora Vale e engenheiro Bruno Rocha Rodrigues, 26. Ele é uma das 240 vítimas que perderam a vida no rompimento da barragem I de Córrego de Feijão, em 25 de janeiro, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Outras 30 pessoas ainda não foram localizadas.

Andresa conta que os restos mortais de Bruno somente foram identificados no domingo passado pelo Instituto Médico-Legal (IML) e sepultados na segunda-feira. “Eu queria o meu filho comigo no Dia das Mães, comemorar como a gente sempre comemorou todos os anos: com amor, respeito, muito carinho, o que permeou a nossa relação nos quase 27 anos que Deus nos permitiu ficar juntos”, lamenta Andresa. “Este Dia das Mães tem um gosto amargo”, chora.

Órfãos

A tristeza dela é compartilhada hoje com muitas outras mães que perderam filhos no mar de lama da Vale – e também pelos filhos que perderam suas mães.

Heitor, de apenas 8 meses, não vai ter, e nunca terá, oportunidade de abraçar a mãe dele, nesta data. A assistente administrativo da Vale Daiana Caroline da Silva, 32, havia voltado ao trabalho, da licença-maternidade, naquela sexta-feira da tragédia, com o coração apertado por se afastar do primeiro e único filho pela primeira vez. Ela foi trabalhar, e não voltou mais. A dor da família é maior porque o corpo dela ainda não foi localizado.

‘A gente não sabe onde ela está, se é na lama, se no IML’

A dona de casa Ambrosina Resende, 52, perdeu a filha e o genro na tragédia. O casal, a analista administrativa Juliana Resende, 33, e o técnico de planejamento Dennis Augusto Silva, 37, deixou os gêmeos Geraldo e Antônio Augusto, de 1 ano e 1 mês, que hoje vivem com a avó. “Não vai mais existir Dia das Mães para mim. Acabou! Além de ela ser uma filha que todo mundo queria ter, e eu não a tenho mais, ela foi engolida pela lama, e os dois menininhos dela, que estão comigo, não vão ter mãe nunca mais”, chorou Ambrosina.

“Nunca passei o Dia das Mães sem a minha filha. É muito sofrimento, muita angústia”, disse ela, que sofre ainda mais por não ter o corpo da filha para sepultar. “A gente não sabe onde ela está, se é na lama, se é no IML. A gente não sabe se vão encontrar o corpo dela inteiro”, disse a dona de casa, aos prantos. “No Dia das Mães, eu só vou me levantar da cama porque tenho os meus netos para olhar. Senão, eu ficaria debaixo das cobertas e não ia fazer nada”, comentou. “Onde vou rezar uma Ave Maria para a minha filha? Vou aonde? Vou ao barro? Vou à lama?”.

As irmãs Giovana, 15, e Gabriela, 4, também não terão a mãe, a gerente administrativa Lenilda Martins Cardoso Diniz, 39, para comemorar a data. Com a chegada do Dia das Mães, a menor perguntou ao pai o que fazer, pois a “mamãe está no céu”. “Minha vontade é de pular essa data, pelas minhas filhas”, desabafou o pai, o técnico em eletrônica Carlos Roberto Magalhães Diniz, 40.

Jovem gravou vídeo para filho bebê 1 hora antes da tragédia

Daiana sonhava em ser mãe e optou por se casar para ter um filho. “Ela preparou tudo para o filho com muito carinho”, conta a irmã dela, a dona de casa Maria de Lourdes da Silva, 50, que ajuda a cuidar da criança, Heitor, de 8 meses.

“Este Dia das Mães seria o dia mais feliz da vida dela. A família inteira está com o coração apertado. Eu vejo a minha mãe sem a filha caçula dela, eu vejo o Heitor sem a mãe dele. Sofrimento em dobro”, lamenta Maria de Lourdes. No primeiro dia de trabalho, após a licença-maternidade, Daiana mandou um vídeo para o filho, 58 minutos antes do rompimento da barragem: “A mamãe vai chegar e vai te dar o banhozinho da tarde, meu amor”, disse ela, antes de morrer.

Dia de dor

Nada a comemorar. Para Andresa, o Dia das Mães traz marcas de dor, de lama e sangue. “Tenho medo desse domingo”, disse ela, que neste domingo (12) vai à missa de sete dias do sepultamento do filho.

 


 

 

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