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Influência do PSDB no governo irrita base de Zema na ALMG
Deputados criticam excesso de indicações de tucanos para cargos na burocracia da gestão de Minas 24/05/2019

 

Danilo de Castro
Articulador. Ex-secretário de Governo Danilo de Castro estaria por trás de indicações dos tucanos
Foto: Douglas Magno / O Tempo - 11.12.2018

Tem causado insatisfação em deputados que fazem parte da base do governador Romeu Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a notícia de que quadros do PSDB estão tendo influência no Executivo e fazendo indicações, principalmente para cargos em regionais. Nos bastidores da Casa, parlamentares que ainda esperam um aceno de diálogo do governador também se mostram descontentes com o fato. Oficialmente, os representantes do Estado negam que isso estaria acontecendo. Já os líderes do partido sustentam que desconhecem a prática e pontuam que, se isso estiver ocorrendo, é por uma decisão individual, e não institucional da legenda. 

Segundo deputados ouvidos pela reportagem, incluindo políticos tucanos, diversos cargos nas atividades-meio da administração estadual – que envolvem a burocracia e a administração do governo – são ocupados por pessoas oriundas do PSDB, e ainda é esperada a formalização de nomeações em postos regionais, onde a presença política é mais determinante, com os tucanos já de olho na eleição de 2022. 

Os parlamentares na ALMG reclamam que são preteridos em relação ao PSDB. O entendimento é que não há sentido em apoiar o governo, expondo-se em questões polêmicas, enquanto o Executivo nem mesmo conversa com os políticos. “O Zema tem que escolher se ele quer o apoio de um partido ou do bloco. O PSDB vai tomar conta daquilo ali aos poucos. Queremos saber o que ele quer”, afirmou um membro da base.

A avaliação é que a promessa da gestão atual de atender o PSDB vem do receio de perder apoio logo no momento em que vai se discutir o polêmico regime de recuperação fiscal no Legislativo. Em abril deste ano, a crise entre Zema e o PSDB chegou ao limite, mas, no início deste mês, a bancada decidiu permanecer na base do governo, sob a promessa de que a relação com o Executivo iria melhorar. 

Uma ala do PSDB ainda defende a saída, com a avaliação de que as ações de Zema são incoerentes e de que a agremiação estaria sendo desrespeitada na administração. Mas um dos principais articuladores dessa cota de vagas de tucanos no Estado seria o secretário de Governo, Custódio Mattos, que é filiado à sigla.

Designações 

Uma informação que se repete em todas as rodas de conversa no Legislativo é que o ex-secretário de Governo das gestões tucanas Danilo de Castro tem feito indicações, como a de Ricardo Simões, para os cargos de diretor financeiro e de presidente da Copasa, e a de Fabrício Torres Sampaio, como diretor geral do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DEER-MG). 

Além disso, é dito que boa parte dos cargos comissionados na Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) pertencem ao ex-secretário. Ele não foi encontrado pela reportagem para comentar a situação. 

Outro que estaria fazendo indicações, mas que ainda não foram atendidas, seria o deputado federal Aécio Neves. Elas estariam ocorrendo, principalmente, no Norte de Minas e no Vale do Mucuri. Por meio de nota, Aécio garantiu que não indicou nem indicará nomes para compor o governo estadual: “A posição do deputado em relação ao governo estadual foi externada em recente convenção do PSDB em Minas”. Na ocasião, o tucano declarou que os governos de Zema e de Jair Bolsonaro são de “principiantes”.

Posicionamento

Lideranças tucanas e representantes do governo de Minas Gerais negam que tenha havido indicações políticas no Estado. Um deles foi o secretário de governo, Custódio Mattos. Segundo ele, não se teve qualquer tipo de indicação partidária no Estado até agora. “Eu não sei de onde que surgiu e de onde saem essas insinuações, também qual a intenção de quem faz essas insinuações. Eu posso te garantir, em tom peremptório, absoluto, que não tem nenhum fundamento nem uma coisa e nem outra”, garantiu.

Ele lembrou que o Estado lançou um programa para seleção de pessoas para ocuparem cargos de superintendentes regionais das áreas da saúde, educação, meio ambiente e desenvolvimento social. De acordo com Mattos, a seleção já termina na próxima semana e não houve indicações ainda. 

“Haverá uma lista de pessoas que estão qualificadas para os cargos, que vão variar de três a cinco nomes, e, de posse dessa lista, haverá um processo interno e o governador vai escolher, assessorado por pessoas da área, quem desses será superintendente regional. Então, não tem nenhum fundamento que tenha ocorrido indicações e muito menos nomeações para cargos regionais por indicação minha, do PSDB ou de qualquer partido”, declarou. 

O tucano fez questão de ressaltar que o fato de PSDB e outras legendas terem nomes do primeiro escalão não foi uma questão de partido político: “O fato de eu estar aqui ou de pessoas estarem aqui não tem nada com indicação partidária. Nenhuma. As pessoas foram selecionadas com base em determinado perfil que se queria por cargo”. 

Essa também foi a justificativa usada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Manoel Vitor, que é responsável pela seleção de diretores das estatais, ao falar que não há nenhuma influência do PSDB na indicação de Ricardo Simões para a presidência da Copasa. 

“A montagem dos conselhos, assim como a escolha dos diretores-presidentes das empresas estatais, foi por meritocracia. Nós fomos atrás de pessoas com experiências em outras empresas. Assim foi montado o conselho e a diretoria da Cemig, assim foi montado no BDMG, na Codemig e em todas as empresas. Então, não teve nenhuma influência de indicação política”, afirmou. 

Ele lembrou que Simões já foi diretor financeiro e presidente da estatal. “Uma das pretensões que nós temos com a Copasa é buscar uma privatização. Ele viveu essa experiência no passado, foi responsável pela venda dos 49,9% das ações da Copasa que hoje estão no mercado. Então, essa foi uma das indicações, vamos dizer assim, pensando nisso (privatização), que nós consideramos o nome dele”, declarou. O secretário pontuou que essa escolha ainda não está definida. 

Em conversa com a reportagem, o presidente do PSDB de Minas, o deputado federal Paulo Abi-Ackel, afirmou que desconhece indicações de parlamentares tucanos no Executivo, mas ressaltou que, se essa situação existir, trata-se de uma questão pessoal e não institucional da sigla. “Em hipótese nenhuma é em função institucional do partido, até porque os parlamentares não são proibidos de indicar”, disse. 

Ele explica que a legenda hoje assume uma posição independente em relação à gestão de Zema, o que dá essa margem estatutária para que deputados estaduais ou algum membro do partido sirvam em caráter pessoal ao governo. Ele pontua que isso não seria possível se eles adotassem uma postura de oposição. 

A versão é corroborada pelo líder do bloco de governo na ALMG, Gustavo Valadares: “O partido tem um compromisso com Minas e não com governos. Se está acontecendo isso é questão individual de algum deputado ou de algum político do PSDB, mas não do partido ou de bancada”. 

Ele pontuou ainda que é os quadros do PSDB são os mais qualificados de Minas e do Brasil. “Então, há pessoas do PSDB no governo estadual, no governo federal, que foram convidadas pelos governantes e aceitaram por decisão individual e estão dando sua parcela de colaboração”, acredita. 

Por meio de sua assessoria de imprensa, o líder de governo, Luiz Humberto Carneiro, declarou que não houve conversas entre a bancada e o Estado sobre indicações e isso, de forma alguma, ocorreu. Ainda segundo ele, não houve nenhuma contrapartida para o PSDB fazer parte da base governista e nem mesmo continuar nesse arco de apoio a Zema. (Colaborou Mateus Castanha)

 


 

 

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