Após reassumir a presidência nacional do PHS, Eduardo Machado criticou a forma de distribuição do Fundo Eleitoral do partido feita pelo deputado federal mineiro Marcelo Aro. O parlamentar foi afastado da direção da legenda por meio de uma liminar judicial concedida na última segunda-feira. Machado denunciou que, além de destinar valores “completamente desproporcionais” para sua própria candidatura à reeleição, Aro ainda teria beneficiado familiares e pessoas próximas dele até mesmo em outros partidos.
O novo comandante do PHS afirmou ainda que há fortes indícios de candidatos-laranja usados para desviar verbas do partido por meio dos diretórios estaduais de Goiás e Minas e do Distrito Federal.
Segundo Machado, Marcelo Aro foi o candidato que recebeu o maior valor de repasse da verba destinada ao financiamento público de campanha do PHS. Para disputar a reeleição, o deputado teve doações que chegaram a R$ 1,5 milhão, do total de R$ 18,7 milhões a que o partido tem direito. O deputado mineiro recebeu mais do que o governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PHS), que tenta a reeleição e lidera as pesquisas e cuja campanha ficou com apenas R$ 1 milhão.
Candidatos ao Senado do PHS com chances reais de vitória também receberam menos dinheiro que Aro. Em Minas, o repasse para Carlos Viana (PHS) foi de R$ 200 mil. Já a candidata ao Senado pelo Rio Grande do Norte, Zenaide Maia, recebeu R$ 550 mil. Ambos são os favoritos para ocupar a segunda vaga no Senado em seus respectivos Estados.
“O Marcelo Aro perdeu os votos de praticamente todo o eleitorado que o elegeu em 2014. Aqueles eleitores ficaram decepcionados com atuação dele no Congresso, defendendo corruptos. Agora, ele tenta se reeleger com a força do dinheiro, usando recursos públicos que foram destinados ao partido”, afirmou o presidente do PHS.
Eduardo Machado vai além e disse que Aro destinou recursos do PHS para o PRP para beneficiar a candidatura do pai dele, Zé Guilherme (PRP), que tenta uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PHS doou R$ 500 mil para o PRP nacional. “Esse dinheiro é uma forma de Aro tirar recursos do PHS para apoiar a candidatura do pai dele, que é de outro partido, prejudicando os demais candidatos do PHS”, disse.
Mais denúncias. Porém, a maior preocupação do presidente do PHS é com um possível desvio de recursos da legenda por meio de candidatos-laranja. O diretório estadual de Goiás recebeu R$ 2,6 milhões mesmo sem ter nenhum deputado federal ou estadual com mandato pelo PHS. O repasse só é menor do que o do diretório de Minas, com R$ 3 milhões. Já a direção do partido no Distrito Federal recebeu R$ 2,5 milhões e conta apenas com um deputado estadual com mandato. “A suspeita é que ele, juntamente com outros membros do partido em Goiás e em Brasília, vai lavar esse dinheiro do PHS, com candidaturas-laranja, para uso em benefício próprio”, concluiu. O presidente PHS afirmou que a denúncia das irregularidades será apresentada ao Ministério Público.
Outro lado
Silêncio. O deputado federal Marcelo Aro foi procurado para se manifestar sobre as acusações do atual presidente do PHS, Eduardo Machado, mas não retornou aos contatos da reportagem.
Partido pode até expulsar deputado
O presidente do PHS, Eduardo Machado, afirmou que vai convocar a executiva nacional do partido nos próximos dias e colocar em votação um processo de expulsão do deputado federal Marcelo Aro da legenda. “Nós não podemos ficar com um quadro desses no partido. Ele tomou a direção do PHS falsificando minha assinatura. Em nove meses de gestão à frente do partido, já sumiu com R$ 90 milhões do PHS”, afirmou.
Machado retomou o controle do PHS na última segunda-feira, depois de conseguir uma liminar na Justiça que anulou o processo que escolheu Marcelo Aro para dirigir a sigla nacionalmente. Na ação proposta por Eduardo Machado, ele anexou um laudo que aponta que suas assinaturas nos documentos que referendaram a troca de comando do partido, no início deste ano, foram falsificadas. Ele acusa Marcelo Aro pela manobra.