Contrariando todas as expectativas, o empresário Romeu Zema, do partido Novo, cravou neste domingo (7) sua participação no segundo turno da corrida eleitoral mineira. Desde o início, o cabeça de chapa afirmava que estaria concorrendo entre os dois mais votados do Estado. A expectativa de Zema só começou a ser confirmada nos últimos cinco dias, depois que ele participou de seu único debate na televisão, na última terça-feira.
Sem atingir dois dígitos, o empresário foi rumo à ascensão até conquistar 42,7% dos votos neste domingo, contra 29% de Antonio Anastasia (PSDB). Esse resultado tirou da disputa o atual governador Fernando Pimentel (PT), que obteve pouco mais de 23% dos votos. “Fomos além do que esperávamos, o que mostra a insatisfação do mineiro”, confessou Zema ao ser surpreendido com a expressiva votação nas urnas.
A campanha do estreante foi no corpo a corpo e custou R$ 887 mil, cerca de oito vezes menos que a de Pimentel (R$ 7 milhões) e quase 13 vezes mais barata que a de Anastasia (R$ 11,28 milhões). Os números são da base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram mais de 170 cidades visitadas. Em tempos de campanha pela internet, Zema usou o meio digital, mas não se esquivou da velha maneira de fazer campanha: conversas com prefeitos, eleitores e empresários. “O primeiro turno foi a oportunidade de os mineiros se verem livres da destruição que prejudicou o Estado. O segundo turno é para mostrar que Minas vai derrotar a velha política”, disse Zema em seu primeiro discurso, na noite deste domingo, como o favorito ao Palácio da Liberdade.
Além de ter conseguido a maior exposição de toda a sua campanha, já que tinha apenas seis segundos de propaganda eleitoral, foi no debate da Rede Globo que Zema pediu votos para o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Ao ser repreendido por seu partido, que teve candidato no primeiro turno, João Amoêdo, disse que havia se expressado mal.
Sobre o apoio ao capitão da reserva no segundo turno, Zema disse que, a partir desta segunda-feira (8), o diretório do partido vai começar a tratar do assunto. Como já havia dito em outras ocasiões, o empresário de Araxá voltou a reforçar que não deve se aliar ao PT. “Somente após uma decisão deles (do diretório nacional), com aquilo que será bom para Minas e para o Brasil, é que vamos tomar uma decisão”, reiterou. A declaração sinaliza que Zema pode, inclusive, subir no palanque com Jair Bolsonaro.
O empresário falou ainda sobre a questão do parcelamento de salários e da posição de austeridade que pretende tomar caso seja eleito. Zema quer promover um corte de despesas, como reduzir as secretarias de 21 para nove. Para o segundo turno, a estratégia de Zema não deve mudar. “Eu, com toda certeza, fui o que mais visitei cidades e o que mais fiz reuniões. Eu acredito em trabalho, e o resultado está aí”, finalizou.
“Vou conversar, mas sem fazer conchavos”
Depois de garantir a presença no segundo turno das eleições em Minas Gerais, Romeu Zema, do partido Novo, prometeu que, se eleito, vai acompanhar de perto o trabalho da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ele afirmou aos jornalistas neste domingo que vai conversar com os representantes do Legislativo mineiro, porém não vai ceder a alianças nos moldes “que os mesmos políticos de sempre” firmaram, na opinião do aspirante ao Palácio da Liberdade.
“Eu quero dialogar muito com a Assembleia Legislativa. Quero estar presente e conhecer cada um dos 77 deputados estaduais, mas não vou fazer conchavos, o balcão de negócios. Vou me negar terminantemente. Nós vamos causar constrangimento na Assembleia Legislativa de Minas”, assegurou.
Propostas
Ainda na primeira coletiva de imprensa como candidato favorito a ocupar o governo de Minas, Zema voltou a ressaltar algumas proposições que fez ao longo da campanha. Uma delas é com relação aos cargos de confiança. O postulante quer ter à frente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por exemplo, apenas técnicos.
“Vou assumir o governo de Minas após o segundo turno sem uma promessa de cargo, isso é importantíssimo. Isso em Minas nunca aconteceu. Nós estamos muito confiantes depois dessa votação de hoje (domingo). O mineiro quer mudança”, finalizou o candidato.