Araujo já foi criticado por entidades que atuam na defesa dos direitos humanos por apoiar golpe de 1964

Representantes das polícias civil e militar de Minas Gerais avaliaram positivamente a indicação do general do Exército Mauro Lucio Alves de Araujo para chefiar a Secretaria de Segurança Pública no governo de Romeu Zema (Novo). Ele vai começar o trabalho com um voto de confiança dos agentes. Porém, eles afirmam que haverá uma cobrança para valorização dos profissionais e destacam que querem uma gestão diferente da que foi adotada durante o governo de Fernando Pimentel (PT).

O presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia de Minas Gerais (Sindep-MG), Bertone Tristão, espera que o novo secretário reduza o uso de agentes de segurança em cargos administrativos e de indicação política e almeja uma valorização dos profissionais por meio de meritocracia. “O nome nos agradou. É uma pessoa tecnicamente muito preparada. Pelo seu perfil, esperamos que ele vá combater alguns privilégios para melhorar a eficiência da Polícia Civil. Hoje temos muitos policiais em desvio de função, atuando em cargos administrativos, cargos de gabinete”, diz.

Tristão também destaca que muitas vezes são esses agentes, que estão longe da ponta de atuação na rua, que recebem promoções. “Esperamos que ele valorize a meritocracia de quem realmente produz na Polícia Civil e promova quem realmente gera bons resultados para a segurança no Estado”, ressalta.

Na Polícia Militar, o nome do general Mauro Lucio Alves de Araujo também foi bem recebido. O presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), sargento Marco Antônio Bahia, acredita que o futuro secretário poderá ampliar a integração entre as polícias. “Acreditamos que ele tem o perfil adequado para fazer avançar a integração entre as polícias. Ele tem credibilidade nas duas corporações. Então, acredito que vamos avançar no compartilhamento de informações para o combate à violência”, afirma.

Já o diretor jurídico da Aspra, subtenente Heder Martins, destaca que o novo secretário deve defender a valorização dos profissionais. “Ele não pode adotar a mesma postura do atual governo, que não valorizou o servidor. Ele tem que defender os agentes de segurança pública. Ele tem que lutar por nossos interesses, e não pelos eventuais interesses do governo. Mas ele tem nosso voto de confiança”, finaliza.

Insatisfeitos com a atual gestão, servidores da segurança ameaçam paralisar os trabalhos se não houver acordo hoje sobre uma data para o pagamento do 13º salário.

Araguaia. Em 2009, o general Mauro Lucio Alves de Araujo foi indicado para ser o coordenador da operação Tocantins, realizada para encontrar os corpos de militantes que foram assassinados na guerrilha do Araguaia, durante a ditadura militar. A indicação foi feita pelo então ministro da Defesa de Lula, Nelson Jobim.

À época, ele foi criticado por entidades que atuavam na defesa dos direitos humanos. A principal crítica era que Mauro Lucio de Araujo já teria concedido entrevistas defendendo o golpe de 1964 e dizendo que os militares salvaram o Brasil da implantação do comunismo.

Comando. Os militares afirmam que o governador eleito Romeu Zema (Novo), já deveria ter indicado quem será o novo comandante geral da PM para atuar nos trabalhos de transição.