A reunião entre o prefeito Alexandre Kalil (PSD) e os representantes de setores comerciais da capital mineira como o Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH) prevista para esta qinnta-feira (30) promete ser quente. Prever um desfecho em que haja acordo é um cenário difícil de se acreditar, já que de um lado o político continua a afirmar que se baseia na ciência, e de outro, os comerciantes afirmam que não dá mais para se esperar um arrefecimento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) na cidade.
Nessa quarta (29), os representantes do Sindilojas já deram o tom de como o encontro vai se desenrolar: reabertura total das lojas, de todos os seguimentos no próximo dia 4 ou ruptura total de negociações com a PBH. Por sua vez, o prefeito continua a se apegar aos números de internações e ocupações de leitos destinados à Covid-19, que seguem altíssimos.
"Eu falei para o prefeito que não aguentamos mais, não tem condição. Ele explicou a questão dos leitos, mas nós não podemos pensar nisso mais, o comércio já pensa em leitos há quatro meses. Nossa proposta é de abertura de todo o comércio, não aceitamos abrir uns e outros não. E queremos abrir no dia 4 para pegar o Dia dos Pais, já perdemos várias datas importantes", afirmou na terça o presidente do sindicato, Nadim Donato, em reunião com Kalil e o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis.
De acordo com Donato, todo o setor está ciente dos protocolos e a proposta é de reabertura em quatro dias da semana, com os outros três fechados. Ele afirma que diferente disso não é possível fazer mais e que medidas ainda serão informadas caso a demanda não seja aceita.
"Não tem outra saída, não tem mais o que negociar. O Sindilojas-BH sempre foi propositivo, o tempo inteiro não criticamos, não questionamos, sempre escutamos e fizemos propostas, não tem mais o que fazer. Estamos há 130 dias fechados, precisamos abrir", afirmou na ocasião.
Por sua vez, sem temer o desgaste que isso tem gerado, Kalil tem afirmado que segue a ciência, e se depender dela, o ultimato da categoria vai ser em vão. E isso vai abrir a possibilidade de novas bartalhas jurídicas, já que a taxa de ocupação de leitos para Covid é de 92%, número que tem se mantido estável mesmo mediante todos os esforços para a ampliação da rede e com apenas o comércio considerado essencial em funcionamento no último mês.
"Nosso negócio é UTI e morte, com leitos (ocupados com pacientes) vindos de Pedro Leopoldo, Vespasiano, nós acolhemos toda a região nossa. Se deixarem a mesa de reunião quem perde são eles. Pressão não vai fazer nada, só vão sair da mesa, vão prejudicar a população de Belo Horizonte", declarou Kalil nessa quarta.
"A vontade da prefeitura é que toda a cidade estivesse aberta e em funcionamento pleno. Porém, a atual situação da pandemia, de curva ascendente de casos e óbitos pela Covid-19, impede a reabertura de serviços não essenciais", reforçou o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado.
Em meio ao caos resta esperar para ver o desfecho dessa queda de braço.