Futuro deputado estadual foi a uma emissora de rádio e a um site de
notícias. Caiu na arapuca e enfiou a mão em buraco de tatu
No mundo há fatos que nos estarrecem. Imaginem o que se passa nos bastidores
políticos! A ocorrência aqui narrada teve como palco uma emissora de rádio e um site
de notícias. Data: 20 de janeiro de 2021. Cidade: Itabira. Referência: terra berço da Vale
S.A. e do poeta Carlos Drummond de Andrade.
Diante do futuro bem próximo de assumir uma cadeira de deputado estadual pelo PSB,
Bernardo Mucida de Oliveira, ex-vereador, subiu e desceu serra para soltar a voz no
alto, mas parece ter enfiado a mão em um buraco de tatu, enganado pelos caçadores de
presas cobiçadas.
CONVITE HONROSO
Para qualquer cidadão, ser convidado para uma entrevista parece ser uma honra, mesmo
que o assunto seja mesquinho e o personagem um zé-ninguém. Neste caso, é certo que
há mesmo assuntos a serem tratados e o personagem tem valor, considerando ter
conquistado o cargo de futuro deputado estadual. Ele assumirá a função em fevereiro
próximo, estava na primeira suplência da coligação que elegeu Marília Campos, do PT,
em 2018. A deputada deixará o cargo parlamentar por ter sido eleita prefeita de
Contagem para o mandato 2021-2024.
“QUATRO POR DOIS”
A expressão partiu do aguçado entrevistador: trocar “quatro anos por dois”: uma dupla
de pardais nas mãos e um quarteto de andorinhas voando. Em outras palavras, o
político desistiu da aventura quase completa para aderir a meia certeza segura. Ou
preferiu ser um parlamentar da Assembleia Legislativa de Minas a arriscar o sonho da
Prefeitura de Itabira. O futuro deputado tem um desafio inconteste pela frente: tentar a
reeleição em 2022, ou cruzar os braços e esperar o que vem pela frente depois da pausa,
caso ocorra sua derrota. Dizia um político experiente: “A interrupção da carreira pública
é o sepultamento do político; quando ele retorna, vem perdido, fora de ritmo e sem
munição”.
ARAPUCA ARMADA
Além de enfiar a mão em buraco de tatu, o candidato “dois anos” resolveu, com certeza
impensadamente, enfrentar um possível ardil sem sequer uma arma nas mãos.
Inteligente que é, levaria saídas magistrais para perguntas banais. E armaria arapucas
para quem quis queimá-lo como uma Joana D’arc. Mas bastaria que tivesse lido um dia
Carlos Lacerda e outros fenômenos dos debates e devolver tiros mísseis contra traques.
ENREVISTA SEM SAL
A culpa da falta de tempero foi exclusivamente da inexperiência do entrevistado. O
entrevistador não é um jornalista qualquer, tem graduação, competência e experiência,
tanto que foi buscado a laço em casa, arrancado de sua merecida aposentadoria para
degolar uma vítima que precisaria ser mais atenta. Vamos ao resumo do colóquio:
Nome completo do entrevistado: Bernardo Mucida da Silva
Graduação: formado em Direito, com especialização em Ciências Políticas.
No ato “pergunta-responde”, Bernardo Mucida de Oliveira disse que consultou as bases
para desistir de sua candidatura a prefeito de Itabira. Ao entrevistador não interessou
apresentar a réplica: “Que base?”. Ocorreram duas reuniões decisivas na sede do PSB: a
primeira foi festiva, com a presença de um deputado, terminada em vivas, palmas,
foguetórios e entrevista coletiva; a segunda, chamada “ducha fria”, a desistência falada
e jamais explicada convictamente, promotora de depressão coletiva.
Desencadeia-se uma debandada de pré-candidatos e partidos que desistem da disputa,
devido à falta de tempo para recuperação. Todos praticamente tinham absoluta certeza
da vitória de Mucida, as pesquisas mostravam não só larga vantagem como também
crescimento irrefreável do candidato oposicionista.
Enquanto isso, do outro lado, a turma do então prefeito comemorou enfaticamente,
celebrou com gritos e passeatas, fez festas, foguetes pipocaram no ar. Parecia
confirmada a reeleição de Ronaldo Magalhães.
Agora, a pergunta fatal: de onde surgiu o nome de Marco Antônio Lage? De Bernardo
Mucida de Oliveira? Definitivamente não foi da iniciativa dele. É outra história.
O entrevistador do futuro deputado administrou o tema até o fim, domou o
entrevistado, fez com ele uma bolinha de papel, citando ideologias políticas,
posicionamentos diante dos governos, Enfim: encheu linguiça, como diria o açougueiro
da esquina.
ENTREVISTA IMAGINÁRIA
Cadê a experiência do futuro deputado? Como não permitir que um jornalista e sequer
uma suposta “roda vida” o domine um político tarimbado? Seria este o desafio de quem
aceita ser entrevistado por um declarado adversário político, com a sacola cheia de
maldades?
E o que seria uma pauta que interessa realmente ao povo de Itabira pode assim ser
sintetizada:
1. Vale: futuro, barragens, parcerias, Bolsas de Valores e exploração subterrânea.
2. Região, dependência, apoio, interesses futuros.
3. Água, diversificação econômica, Porto Seco, Parque Tecnológico, Aeroporto
Industrial.
4. Educação (Unifei, faculdades, ensino técnico, fundamental e médio.
5. Saúde.
OBS.: Muitas questões precisam sem discutidas com o prefeito, vereadores e a
sociedade civil organizada. O senhor agendou tais encontros?