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HÁ 30 ANOS ITABIRA DEU UM GRITO DE SOCORRO. MÁ NOTÍCIA: CONTINUA ATUALÍSSIMOCaixa de entrada
01/03/2022
O TREM Itabirano <otremitabirano@gmail.com>
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sex., 18 de fev. 10:02 (há 10 dias)
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(Tormentos da mineração)
HÁ 30 ANOS ITABIRA DEU UM GRITO DE SOCORRO. MÁ NOTÍCIA: CONTINUA ATUALÍSSIMO
Em 1992, há 30 anos, Itabira enviou à Conferência Mundial do Meio Ambiente (Eco-92) uma carta intitulada “A Oca na Eco”, em que manifesta preocupação com as consequências da mineração e pergunta: o que será do município após o fim do minério? Se naquela época essa indagação se restringia aos meios intelectuais (alguns risos cabem aqui), hoje é feita por toda a população. Ganhou a atenção até das camadas desatentas após a disseminação da notícia de que acabará em 2031 a riqueza que a empresa Vale explora no solo itabirano há 80 anos.
“Como será a economia de Itabira quando cessarem todos esses ruídos [da mineração]? Como será a educação? E a saúde? Como a cidade sobreviverá? Será tudo comércio? Que será feito do solo? Como serão curadas as feridas? O que se colocará no lugar daquilo que os vagões levam? Como será a paisagem de amanhã, sem a formigagem eletrônica dos trens que descem a serra, no carregamento estudado e planejado para a pressa?”, dispara a missiva, escrita pelo bispo Marcos Antônio Noronha sob carimbo institucional da Faculdade de Ciências Humanas de Itabira (Fachi), então dirigida pela professora Terezinha Fajardo Incerti, que não era itabirana de nascimento, mas fez mais por Itabira que 99,8% dos itabiranos natos.
O documento, também propositivo, aponta o caminho da educação. “Queremos, acima de tudo, partilhar com a comunidade itabirana nossas preocupações com o futuro desta terra. É tempo de compromisso com um futuro melhor”, escreveu Terezinha Incerti na apresentação da Facultativa, revista da Fachi que em junho de 1992 publicou especial sobre a mineração em Itabira e reproduziu a mensagem enviada à Eco-92.
Décadas foram tragadas pela inexorabilidade do tempo, passaram mandatos de prefeitos inúteis, quadros legislativos se apagaram na irrelevância, o século XXI se apresentou, trocou-se de milênio, a tecnologia criou ferramentas que, imaginadas à época, atirariam seus pensadores num sanatório, montanhas de dinheiro da coletividade itabirana foram consumidas, mas Itabira não conseguiu jogar na obsolescência o conteúdo da carta.
Assinada há 30 anos, “Itabira, A Oca na Eco” está mais atual hoje que na época em que veio a lume, pois agora se sabe, com documentos, que o minério explorável na cidade tem data para se exaurir: 2031.
O TREM recuperou na íntegra a importante reflexão agora balzaquiana. Está na edição impressa do jornal. Documento importantíssimo para quem quiser entender Itabira com profundidade, até para poder parar de falar besteira nas redes sociais.
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