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AOS CANTORES BARBUDINHOS DE ITABIRA (quase todos)
06/06/2022
Atenção, itabiranos barbudinhos de camisa xadrez, tatuagens, anel de tucum, pulseira de couro, brinco no nariz, óculos escuros e cabelos altos, vocês que se metem a cantar e protocolam projetos no guichê do Centro Cultural em busca de contrato para o Festival de Inverno.
Para se tornar cantor digno de ser levado a sério, é preciso mais que permitir o crescimento dos pelos das faces e do queixo, se enfiar num pano quadriculado, agulhar desenhos a tinta nos braços e numa panturrilha, instalar artefato indígena no indicador e médio, adornar pulsos com pedaços de animais mortos, atravessar argola de aço cirúrgico na cartilagem lateral do septo, cobrir os olhos com dispositivo estético e não capinar o mato craniano.
Querem ser Paulinho Moska, Marcelo Camelo, Tico Santa-Cruz ou Móveis Coloniais de Acaju? Massa, bichos, terão minha torcida, mas, por obséquio, considerem a possibilidade de matrícula numa escola de música.
Lembrem-se: a paz de quem se senta nos botecos da avenida Mauro Ribeiro para tomar dry martíni é sagrada, e o silêncio nesses momentos só deve ser quebrado por algo precioso.
Itabira dista apenas 100 quilômetros de Babaya Morais...
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