ITABIRA: NEM MAIS INTELIGENTE, NEM MAIS LIVRE
14/08/2024
Sepulvo informa: Itabira não está ficando mais inteligente e nem mais livre. Tenho mil argumentos, este basta: os anos passam com a velocidade de um rato na sala (imagem de João Antônio) e bilhões de dinheiro público são consumidos — muito dele irresponsavelmente —, mas o município não resolve sua dependência econômica do minério. Continua escravo da garimpeira e barrageira Vale, desde 1942.
O macro explica o micro. Nenhum país se firmou na economia sem primeiro ficar culto e inteligente. França e Alemanha, por exemplo, só ascenderam após se tornarem superpotências mundiais da arte e filosofia. Aquele que subiu economicamente sem estofo intelectual parelho à prosperidade conquistada, como Portugal, não se firmou entre os maiores. Exemplinho itabirano: Nego Dé ganhou fortuna na loteria, mas, despreparado da cachola, perdeu tudo, até a vida.
Nossas escolas — ei, Unifei — educam apenas para o emprego; nossos intelecQUItuais não protestam, moram em guichês do mecenato oficial e têm como prato predileto a emissão de nota fiscal à prefeitura; nossa mídia é apedeuta, venal, provinciana e covarde quase no 100%; nossa câmara de vereadores é uma gravura de Goya; nosso povo ama celular e repele o livro; nossa secretaria de cultura (FCCDA) é incompetente, rebaixa a pasta à mera contratação de shows de música popular. Há esforço aqui e ali, eclipsado pela estultice geral.
Quando uma cidade se recusa a ficar inteligente — gente do céu, esta é a urbe do maior poeta da língua portuguesa!!! —, a estupidez assume postos de decisão, a desonestidade se fortalece, a violência cresce e gente séria se muda ou pensa bastante em se mudar. Coisas rasas se projetam, como a futilidade dessa bomba idiotizante que é o marketing, irmão gêmeo da mentira. Nossa política sequer debate os grandes problemas que impedem Itabira de decolar, está fazendo palhaçadinha na rede Tik-Tok, em desespero popularesco-eleitoral.
O principal buraco de Itabira hoje não é o do Cauê, é a cava mental, o vácuo cognitivo. Sem inteligência, o município continuará capitulando de fracasso em fracasso em fracasso...
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