Dos condenados pela Justiça que cumprem pena no presídio de Itabira, pelo menos 50 estão aptos a trabalharem fora da unidade de detenção. A diretora-geral do presídio, Maria do Carmo Celestino de Barros, faz um apelo às empresas e órgãos em Itabira: de darem aos reclusos uma chance de terem um trabalho e reconstruírem a vida perdida no crime.
Maria do Carmo foi à Câmara de Vereadores na terça-feira, 6 de junho. Usou a tribuna e pediu apoio dos parlamentares à causa, embora nenhuma medida efetiva tenha sido anunciada no assunto após o apelo. A diretora falou sobre o cenário de violência na cidade e o índice elevado de reincidência criminal. Ela vê no trabalho a possibilidade de recuperar criminosos e desafogar as celas.
A Lei de Execução Penal brasileira oferece benefícios a quem contrata a mão de obra prisional, como a isenção de encargos trabalhistas, explica Maria do Carmo, e os detentos podem exercer atividades tanto para instituições privadas, quanto públicas. Atualmente, segundo ela, não há nenhum contrato vigente para oportunizar o trabalho externo.

Diretora do presídio usou tribuna na Câmara de Vereadores de Itabira
A responsável pelo presídio lamentou ainda o desafio de ex-apenados conseguirem um trabalho, por conta do estigma e do preconceito. “Estou pedindo que os empresários deem um voto de confiança a eles. Para o empresário, é muito proveitoso pegar a mão de obra desses presos do regime semiaberto e aberto”, citou.
Com capacidade para 198 presos – o número atual de detentos não foi revelado - e 95% de população carcerária de Itabira, Maria do Carmo citou que batalha para a melhoria da infraestrutura do presídio, a fim de que presos trabalhem e estudem durante o cumprimento da pena. Em janeiro deste ano, foi inaugurado um anexo da Escola Estadual Dona Eleonora dentro da unidade, com salas de aula e biblioteca.
“O trabalho é essencial e contribui muito à ressocialização do preso. A cabeça é ocupada com trabalho, com boas atitudes”, argumentou.
Maria do Carmo comentou também a expectativa de término das obras e inauguração da unidade da Associação de Proteção ao Condenado (Apac) em Itabira. Ela defende o método apaquiano e reforça que aqueles que podem migrar para esse sistema passam por uma rigorosa avaliação. “Podemos respirar bastante quando pensamos na palavra Apac. E os indivíduos privados de liberdade sabem que para ter direito à Apac, um dos principais pré-requisitos é ter bom comportamento. O indivíduo que cometer falta, ficar indisciplinado dentro da unidade, dificilmente poderá ir à Apac”.