Desempregados voltam a manifestar na Câmara e a cobrar prioridade em contratações
O plenário da Câmara de Vereadores de Itabira foi tomado por desempregados durante a reunião desta terça-feira, 29 de março. Uma representante do grupo usou a tribuna e reclamou que os itabiranos estão convivendo com a falta de oportunidades. Segundo os trabalhadores, as poucas vagas que surgem, especialmente na área da mineração, estão sendo ocupadas por pessoas de fora. Não é a primeira vez que esse assunto vem à tona no Legislativo.
Na primeira vez que houve manifestação sobre esse tema, o grupo era menor. Nesta terça-feira, cresceu o número de pessoas que foram à Câmara protestar contra o desemprego. Na tribuna, a representante dos trabalhadores, Mariane Aguiar, descreveu a situação como um “cenário vergonhoso e humilhante”. “A cidade está afogada em uma crise e as poucas vagas que restam estão com pessoas de fora”, lamentou.
Mariane afirmou que a única coisa que os desempregados pedem é o direito de trabalhar e residir na própria cidade. “Será que Itabira não tem mão de obra qualificada? Pois eu tenho certeza que tem. O que falta é oportunidade”, disse. A representante citou o projeto de lei apresentado por Tãozinho Leite (SD), desde o ano passado, que obriga empresas a contratarem um percentual mínimo de itabiranos, e cobrou ação mais efetiva da Câmara. A matéria, no entanto, foi considerada inconstitucional pelo setor jurídico do Legislativo. “Inconstitucional é a palavra que a gente mais tem escutado. Enquanto isso, sofremos sem emprego”, reclamou.
Antes mesmo da participação da representante dos desempregados na tribuna, vereadores já haviam se manifestado sobre a situação. Presidente do Sindicato Metabase, Paulo Soares (sem partido), disse que tem “sentido na pele” as demissões em Itabira. “Não tem emprego. Você que é pai, não adianta mandar seu filho sair cedo de casa para procurar trabalho, porque não tem. Ele não vai achar. As poucas vagas que surgem são ocupadas por pessoas de outras cidades”, disse o vereador. “É desesperador. Hoje as pessoas não pedem mais emprego, elas estão pedindo comida”, completou.
Bernardo Mudica (PSB) cobrou que Executivo e Legislativo façam “pressão política” nas empresas para que contratem pessoas de fora. “Não podemos obrigar que elas contratem itabiranos, mas podemos cobrar que essa preferência seja dada. A maneiras de se conseguir isso com articulação junto às empresas”, defendeu. Allaim Gomes (PDT) foi na mesma direção e sugeriu que o município ofereça algum mecanismo de compensação aos empregadores que atingirem determinado percentual de contratação de mão de obra local. “Pode até ser isenção fiscal”, citou.
Geraldo Torrinha (PDT) e Palhaço Batatinha (PSDB) criticaram o governo municipal. Para os vereadores, a Prefeitura teve dinheiro suficiente nesses últimos quatro anos para fortalecer a economia e não deixar Itabira tão exposta a uma crise. “A própria Prefeitura tem secretários que são de outras cidades”, criticou Batatinha.
Já Tãozinho Leite afirmou que está passando da hora do prefeito Damon Lázaro de Sena (PV) se pronunciar publicamente de maneira mais firme sobre a situação do desemprego de Itabira. O vereador reclamou de críticas que foram feitas contra ele quando apresentou o projeto que estipula percentual de contratação de itabiranos. “Me acusaram de estar fazendo política em cima da situação dos desempregados. Hoje é claro que minha preocupação se justifica”, afirmou.
Comissão
O presidente da Câmara de Itabira, Rodrigo Diguerê (PV), comentou que desde o dia 22 de fevereiro o Legislativo já tem uma comissão especial de acompanhamento sobre a questão do desemprego. O grupo é formado pelos vereadores Ronaldo Capoeira (PV), Paulo Soares e Tãozinho Leite, além de representantes dos trabalhadores.
“O entendimento dos vereadores é de que a empregabilidade em Itabira precisa ser priorizada, mas de um modo consensual, tendo em vista que a lei não nos permite obrigar que um empregador só contrate itabiranos. Até foi mencionado o projeto do Tãozinho Leite, que pede contratação de 30%. Se fosse legal isso, a gente pediria 100%, não somente 30. Mas não é o que a legislação nos permite. Por isso criamos a comissão, que tem prerrogativa de falar em nome da Câmara nos órgãos ligados a essa questão. É um assunto que requer uma construção a várias mãos. E de maneira urgente”, declarou o presidente.