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Força-tarefa derruba árvores no bairro Pará e gera indignação de moradores
Prefeitura reconheceu cortes e afirma que outras plantas estão no alvo do "Cidade Limpa" 25/10/2017

No talude próximo ao Cemitério do Cruzeiro, restaram somente o toco de árvores exóticas

Foices, machados e motosserras estão mudando o cenário do bairro Pará, um dos mais tradicionais bairros de Itabira. Nos arredores da praça do antigo zoológico e do Cemitério do Cruzeiro, árvores exóticas e imunes ao corte, isto é, protegidas por lei, foram podadas nas últimas semanas por uma força-tarefa encampada pela Prefeitura de Itabira. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente afirma estar amparada por documentos e laudos técnicos, mas a ação indignou moradores.

No talude da rua Paulo Pereira, de acesso ao Cemitério do Cruzeiro, pelo menos oito árvores foram suprimidas ou sofreram podas grosseiras na semana passada, segundo a conta feita pelos moradores. Ali, as copas das árvores formavam um túnel verde. Foram serradas as exóticas pata-de-vaca e flamboyant, por exemplo.

A flamboyant, inclusive, tinha mais de 50 anos, lembra a aposentada Sônia Mendonça. A idade da árvore é uma estimativa dela, que quando se mudou para a casa em frente, em 1973, já existia a planta. Segundo Sônia, não havia sinais aparentes de ataque de insetos, doenças ou problemas que comprometiam a integridade da árvore. Inclusive, num olhar leigo, os vários tocos deixados parecem de árvores sadias e vigorosas.

“Éramos, talvez, a rua mais arborizada do bairro”, cita a moradora, emocionada. Na quinta-feira passada, 19 de outubro, trabalhadores que cortavam as árvores foram advertidos pelos vizinhos, que acionaram a Polícia Militar de Meio Ambiente. “Só não cortaram mais porque não deixamos”, conta outra vizinha.

O corte das plantas foi suspenso naquele dia, mas retomado na segunda-feira, 23. Na rua Paulo Pereira há outras árvores marcadas com “x” pelos profissionais do poder público. Populares solicitaram à PM o registro do boletim de ocorrência e a corporação trata do assunto com o município.

 

Praça do Zoológico perdeu seus ipês-amarelos. 

Na Praça do Zoológico, um idoso que optou por não se identificar também lamentou o desmate. “Sou apaixonado por árvores e moro aqui há 50 anos. Não precisava tanto”, queixou. Em frente à casa dele, na rua Senhora do Carmo, foram suprimidos dois ipês-amarelos, entre outras árvores que coloriam a rua.

A Lei Estadual 20.308, de 2012, que alterou a Lei 10.883/92, declara o ipê-amarelo de preservação permanente, proibindo seu corte. A supressão do ipê-amarelo está autorizada tão somente em situações específicas, como risco ou atividades de interesse social, com parecer técnico e compensação ambiental.

No bairro cercado por minas, o corte de árvores implica a piora da qualidade do ar, afirma Maria Marta. 

Situação dramática

A situação no bairro Pará ilustra um cenário preocupante. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Itabira, com uma das maiores porções territoriais do estado, tem 25,2% de arborização em vias públicas. No ranking nacional de arborização urbana, a cidade está na posição 4.980º. O dado é do censo de 2010.  

No bairro Pará, o pouco verde é um alento em meio a duas grandes áreas de extração mineral da Vale – as minas do Cauê e Chacrinha. “Hoje pela manhã eu levantei e fui passar um pano úmido nos móveis da casa. Eu sou alérgica e minha mãe, de mais idade. O pano sai preto de sujeira, em poucos intervalos de tempo. Há quem alega que árvores produzem sujeira, mas o pó de minério que está caindo, poucos estão se incomodando com ele”, narra Maria Marta Quintão Martins da Costa, que mora numa das casas mais verdes da avenida que leva seu sobrenome.

Filha de um dos ex-dirigentes e fundadores da Fundação Itabirana Difusora do Ensino (Fide) – professor Maurício José Martins da Costa -, Maria Marta cita que o caso do corte das árvores será levado ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG). A sede das Promotorias da Justiça da Comarca, aliás, está na vizinhança.

“Estamos numa cidade que já é dramática a situação ambiental. O cuidado (com o meio ambiente) deveria ser maior”, alerta a Maria Marta, militante na questão ambiental da cidade.

 

Outras árvores no bairro já estão marcadas para serem cortadas. 
 

Outras árvores serão cortadas, diz Prefeitura

Em entrevista sobre o assunto, a secretária de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Itabira, Priscila Braga Martins da Costa, foi taxativa. Ressaltou que os cortes foram substanciados por laudos técnicos e pareceres de especialistas da pasta. Disse também que outras árvores serão suprimidas na cidade, “por comprometerem a segurança de cidadãos”.

“Houve realmente uma limpeza muito grande de árvores na avenida Martins da Costa, onde chamamos de Praça do Zoológico, e houve também uma limpeza muito grande no talude de acesso ao cemitério. E haverá mais, como já houve no Areão, Vila Amélia e outros bairros - faz parte do nosso trabalho ‘Cidade Limpa’. É importante que tenhamos muitas e muitas árvores, mas nos locais adequados”, posicionou a secretária. 

 


 

 

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