Em desabafo, o presidente da Câmara de Vereadores de Itabira, Neidson Freitas (PP), defendeu a repactuação dos investimentos no campus da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). O governista atribuiu à mineradora Vale a responsabilidade de erguer o complexo universitário em Itabira, projetado para atender 10 mil alunos. “Essa é uma obrigação da Vale”, disparou.
O discurso de Neidson foi feito na terça-feira, 31 de outubro, quando os vereadores receberam a visita de representantes da instituição federal. Na ocasião foi apresentado pelos acadêmicos um estudo que demonstra que a universidade gera um impacto econômico de R$ 51,9 milhões por ano ao município.
O campus local da Unifei começou a operar em 2008. Foi resultado de uma parceria entre a Prefeitura de Itabira, a companhia Vale, o Ministério da Educação (MEC) e a Universidade Federal de Itajubá.
No convênio de Cooperação Técnica e Financeira pactuado à época, a Vale ficou responsável por equipar os laboratórios da Unifei. Por sua vez, o governo local entraria com a infraestrutura (terreno e edificações) e o MEC encarregado de pagar funcionários e custeio, além de uma parcela de investimentos.
Atualmente, cerca de dois mil alunos estão matriculados na instituição. Após a implantação completa do campus – que deverá ter 100 mil m² de área construída -, a instituição terá capacidade para receber aproximadamente 10 mil alunos.

O diretor do campus da Unifei, Dair José de Oliveira, usou a tribuna na última terça-feira.
Ao professor Dair José de Oliveira, diretor do campus, Neidson Freitas disse que é necessário convocar os gestores da Vale e exigir maior cooperação.
“Para todo o complexo da Unifei Itabira, falamos de investimentos na ordem de 400 milhões. Ou seja, é muito difícil para a realidade desse município entregar uma obra desse montante. No momento em que o município vive crise e queda de arrecadação, nós temos, dentro da nossa cidade, a Vale aferindo lucros bilionários. Mas, ela continua com a mesma parcela de contribuição à Unifei”, reclamou o vereador.
O progressista lamentou o projeto “travado” da instituição e oportunidades perdidas, como a abertura do curso de Medicina. “A Vale está assistindo de camarote a Unifei patinando em nossa cidade. Ela sempre faz um pacto de forma que saia beneficiada. É um absurdo que a Vale, uma das mentoras dessa universidade, não contribua à expansão do campus. Essa pactuação não é justa”.
Opositores ao governo de Ronaldo Magalhães (PTB) miraram a responsabilidade do município para com as obras da instituição. Neidson saiu em defesa do governo. “A Unifei não é um projeto de governo, é um projeto de Itabira. Não é o governo passado, nem o atual, tampouco o futuro. Estamos falando de R$ 400 milhões”.
Diretor convocado
Um requerimento de autoria do vereador André Viana (Podemos) convoca o diretor de Ferrosos Sudeste da Vale, Silmar Magalhães Silva a comparecer à Câmara para tratar do assunto. “Estamos o chamando a Casa porque não dá para ficar com esse diálogo de bater e assoprar. Nós temos que ir à prática”, resumiu André.