
A palestra foi ministrada pelo tenente Sebastião Rodrigues. Ele destacou três pilares para que um crime ocorra: agressor motivado, falta de vigilância e alvo disponível. “E uma das maiores motivações dos autores é justamente a legislação penal. Sabem que não ficarão presos por muito tempo, e isso quando o são. Cito aqui em especial os menores”, declarou o tenente. O militar ainda citou a falta de vigilância por parte do cidadão. “O mundo virtual, disponível pelo celular, é uma armadilha. Rotineiramente fazemos ronda pela cidade e é notório a distração das pessoas, em especial nos pontos de ônibus, mexendo nos aparelhos celulares, que é o mais roubado atualmente”, disse o tenente.
Já a preparação para o crime passa por cinco etapas. A primeira é a pré-eleição do alvo. “Esta fase pode durar meses, dias ou minutos. É quando o bandido escolhe sua vítima”, disse. A segunda fase é a identificação do alvo, ou seja, quando a vítima é escolhida e geralmente, é o cidadão mais distraído, mais fraco ou que tenha algo específico buscado pelo autor. A terceira etapa é a da vigilância, em que o bandido avalia a situação antes de cometer o crime. “Esta é a melhor fase em que o cidadão pode agir de forma preventiva, a partir da adoção de medidas auto protetivas, como desviar o caminho, tentar se colocar em uma situação mais segura”, destacou o tenente. O planejamento do crime é a quarta fase e a última, o ataque do bandido. “Este é o pior momento para interromper a ação do bandido”, disse o militar.
Identificação do bandido
Outro ponto de destacado pela Polícia Militar é que o bandido não tem cara e nem idade. “Há os de terno e gravata, há menores que parecem crianças, há mulheres que parecem frágeis, qualquer um pode ser bandido”, disse. Para exemplificar a situação, o tenente Rodrigues mostrou aos presentes um vídeo, em que um adulto entra em uma drogaria com uma criança de aproximadamente 8 anos. O adulto distrai o vendedor, que estava sozinho, enquanto a criança furta o dinheiro do caixa. “Muitas vezes fazemos abordagens nas ruas da cidade, amparados pelo artigo 44 do Código Processual Penal e somos mal vistos. Mas as abordagens não são em vão. Em alguns casos, recebemos comunicação de crime e determinado cidadão tem as características do autor ou veste roupas semelhantes. A busca pessoal independe de mandado”, justificou o policial.
A Polícia Militar ainda instruiu que caso o cidadão perceba alguma situação de perigo, que se coloque a uma distância de mais de 20 metros do suspeito. “Ainda que ele porte uma arma de fogo, somente atiradores treinados conseguem acertar a partir desta distância”, justificou. Mas em caso de emergência, a PM instrui que o cidadão não reaja e nem parta para o enfrentamento. “O mais importante é memorizar características físicas do agressor, bem como rota de fuga e outras questões. E imediatamente acionar a Polícia Militar. Se for na rua, não espere achar uma viatura. Ligue 190 de imediato”, enfatizou o tenente Rodrigues.
Violência contra a mulher
Um ponto foi destacado pelo tenente Rodrigues, que enfatizou ser sua opinião pessoal. Ele reiterou que por mais que a máxima seja de não reação da vítima, há uma preocupação especial quando o crime é contra a mulher. “Em 80% dos casos em que a mulher, enquanto vítima, é deslocada do local da abordagem para outro ponto, é porque o autor pretende praticar violência sexual, matá-la, ou as duas situações”, explicou. O tenente disse ainda que especialistas afirmam que neste caso, é preciso estabelecer uma decisão firme e consciente de não ir. Conforme trecho de estudo apresentado “… se for tomar um tiro, então que seja no estacionamento ou no meio da rua, onde o socorro poderá chegar rápido. Pois se isso acontecer no meio do mato ou em um local deserto, certamente as chances de ser socorrido a tempo são mínimas. ”
Abordagem da polícia em bares e eventos também é esclarecida
Ao final da palestra, Djalma Bastos pediu que o subcomandante da 17ª Cia., capitão Filipe Gaigher, esclarecesse aos presentes a abordagem feita por militares no que diz respeito ao volume do som em bares, repúblicas e outros eventos em Monlevade. O subcomandante esclareceu que as abordagens têm caráter preventivo, e que são feitas amparadas pela lei. “Recebemos reclamações recorrentes referentes a alguns estabelecimentos e repúblicas. Fiscalizamos por demanda. Não é intuito da Polícia Militar prejudicar qualquer trabalho, desde que se respeite a legislação vigente, que determina o máximo de 70 decibéis para som ambiente. Em caso de eventos, é preciso atentar-se para a regularização de documentos”, enfatizou o capitão. Belmar Diniz sugeriu então que se encaminhe um diálogo entre produtores de eventos, donos de bares e restaurantes, representantes de repúblicas com a PM, a fim de elaborar um calendário de atividades e buscar soluções que atendam a todos. A proposta será analisada.