A campanha de reeleição do governador Fernando Pimentel (PT) vem sido abastecida financeiramente por pessoas diretamente ligadas ao governo estadual. Diretores de estatais, ocupantes de cargos comissionados e servidores do Estado doaram, juntos, mais de R$ 720 mil para o petista. Por outro lado, servidores denunciam que estão sendo obrigados a tirar férias para trabalhar na campanha contra a própria vontade.
De acordo com dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Antônio Castello Branco, presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), foi a pessoa física que mais injetou dinheiro na campanha, doando R$ 55 mil para Pimentel.
Já José de Araújo Lins Neto, diretor de gestão empresarial da Cemig, e Raul Lycurgo Leite, presidente da Taesa, empresa de transmissão de energia controlada pela Cemig, ocupam o segundo lugar entre os doadores, com R$ 50 mil cada um. A mulher de Raul Lycurgo Leite, Ana Paula Guimarães Lycurgo Leite, que é diretora administrativa na Gasmig, também doou para a campanha de reeleição do governador.
Logo em seguida aparece Helvécio Magalhães, secretário de Estado de Planejamento e Gestão, que doou R$ 41 mil. Magalhães também é o coordenador da campanha de reeleição do petista.
O levantamento foi feito pelo Aparte, por meio de cruzamento de dados entre os nomes dos doadores disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as listagens de servidores disponíveis no Portal da Transparência do Estado e nos sites das empresas estatais. Como algumas empresas como Copasa e Cemig só disponibilizam nomes de dirigentes e conselheiros, os números de doadores e do valor doado podem ser maiores. A quantia também pode ser superior porque parte dos servidores doou por meio do site “Doação Legal”, que é um portal de financiamento coletivo. O montante total arrecadado ainda não foi repassado para a campanha petista.
Até a semana passada, cerca de 350 servidores haviam doado R$ 724 mil para a campanha, de acordo com o TSE. Destes, 301 ocupam cargos comissionados. Os valores doados por esses profissionais somavam R$ 692 mil. Pessoas ligadas a Cemig, Codemig, Copasa, Ipsemg, MGS, Prodemg, Funed e secretários de Estado, além de diretores do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), também estão na lista de doadores.
Um servidor comissionado, que pediu anonimato à coluna, afirmou que foi obrigado a entrar em férias para ajudar na campanha. “Não queria tirar férias agora e nem trabalhar na campanha, mas como tenho cargo comissionado, ou fazia isso ou perdia a função”, declarou.
Informações de bastidores obtidas pelo Aparte dão conta de que há uma grande pressão exercida pelo governo para que servidores, principalmente de cargos comissionados, contribuam financeiramente e de outras formas para a tentativa de reeleição de Fernando Pimentel. Mensagens eletrônicas e planilhas sobre o assunto são recorrentes na Cidade Administrativa e nas empresas administradas pelo Estado.
Procurada, a assessoria de campanha do governador afirmou que “não há o que comentar” sobre o assunto. As empresas estatais e outros órgãos do governo já haviam se manifestado publicamente sobre o assunto afirmando que as doações são de responsabilidade individual de cada servidor. (Lucas Henrique Gomes)