Josias Pereira
30/05/19 - 21h59
“Eu nunca fui omisso”. Foi com essa frase que Zezé Perrella, ex-presidente do Cruzeiro e atual responsável pela gestão do conselho deliberativo do clube, resumiu as acusações que sofre pela inércia do órgão em relação às denúncias do conselho fiscal, que afirma que o presidente Wagner Pires de Sá omitiu documentos, balanços e contratos do clube para fiscalização do grupo.
Zezé foi questionado pelo SUPER.FC sobre os motivos de o conselho deliberativo ter exigido apenas agora a referida documentação, que deverá ser entregue por Wagner Pires e seus diretores nos próximos dias. Parte das denúncias expostas pelo “Fantástico”, da Rede Globo, são provenientes desses contratos.
“O conselho fiscal é absolutamente autônomo. É eleito separadamente do conselho deliberativo. Eles têm, inclusive, a autoridade para contratar auditorias. Se a diretoria se recusou a entregar documentos, eles poderiam ter contratado uma auditoria e buscado esses documentos na Justiça”, disse.
“Meu papel não é ter acesso às contas do clube, nunca foi, basta pegar o estatuto do Cruzeiro e verificar quais são as minhas atribuições”, completou o dirigente, salientando seu trabalho no conselho. “Minha função é conciliar as partes e trazer consenso ao Cruzeiro”, afirmou o ex-presidente.
Perrella criticou a antiga gestão, de Gilvan de Pinho Tavares. “Eu nunca fui omisso e nunca vou ser. Fui presidente do Cruzeiro por 17 anos, deixei o clube em uma situação privilegiada, com 23 títulos. Além do mais, construí o maior centro de treinamentos da América Latina até então e um prédio de 12 andares (a sede administrativa). Fiz parte de uma gestão que deu lucro. A gestão passada, temos que reconhecer, deixou a atual com muitas dificuldades financeiras”, disse.
Perrella foi muito criticado pelos demais conselheiros por sua ausência no dia a dia do clube, fato motivado por suas atribuições políticas em Brasília.
Em áudio vazado a um grupo de conselheiros, Perrella afirmou que “quem tiver culpa vai pagar”, em alusão às apurações que estão sendo conduzidas para determinar os culpados pelas irregularidades apontadas no “Fantástico”. Ele reforçou isso ao SUPER.FC, mas pediu calma na condução dos fatos, evitando a palavra renúncia, algo que vem sendo falado em relação ao presidente Wagner Pires e também aos seus homens de confiança, Itair Machado e Sérgio Nonato. “Isso é uma questão pessoal. Acho que cada um tem que ter o bom senso sobre o que é melhor para o clube. Agora, eu não quero falar que ninguém tem que renunciar”, ressaltou o dirigente, que negou a possibilidade de assumir o comando do clube.
“Eu só apareci porque me cobraram. Eu não quero ser presidente do Cruzeiro mais. Se eu quisesse, eu tinha sido agora, sem oposição”, finalizou.