Homem matou a tiro duas adolescentes no Anel Rodoviário de Belo Horizonte | Foto: Leo Fontes
PUBLICADO EM 09/07/19 - 06H00
Da Redação
O Brasil tem a segunda maior taxa de homicídios da América do Sul, segundo relatório da ONU sobre taxas de homicídio intencional no mundo, divulgado ontem.
Em 2017, o Brasil registrou taxa de 30,5 homicídios a cada cem mil habitantes, e fica atrás da Venezuela – 56,8 para cada cem mil pessoas. A taxa brasileira é cinco vezes maior que a média global.
Os dados da América Latina se destacam em relação à média mundial, de 6,1 homicídios, e são excepcionalmente mais altos que os registrados em outras regiões do mundo, onde a média é de uma morte violenta por cada cem mil habitantes.
Conforme os dados, a América Central e América do Sul registram os mais altos índices, com 25,9 e 24,2 assassinatos por cada 100 mil habitantes, respectivamente.
Na América Latina a taxa de homicídios cresceu com maior vigor a partir da década de 1990, uma tendência inversa da média global, que desde então caiu 15%.
Na Venezuela, imersa numa profunda crise econômica e social, houve um “aumento dramático” das mortes violentas nas últimas três décadas, passando de 13 a 56,8 homicídios voluntários, um aumento de cerca de 350% que deixa o país como o mais violento da América do Sul.
O crime organizado foi responsável por 19% de todos os homicídios em 2017 e “causou muito mais mortes em todo o mundo do que conflitos armados e terrorismo, combinados”, afirmou o diretor executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Yury Fedotov. Assim como conflitos violentos, o crime organizado “desestabiliza países, enfraquece o desenvolvimento socioeconômico e corrói o Estado de Direito”, disse.
No entanto, a Colômbia registrou uma tendência contrária aos vizinhos, passando de 80 homicídios para 30 nas últimas três décadas.
Essa queda é “parcialmente atribuída à intensificação das ações do Estado contra o tráfico de drogas”. Chile e Argentina fecham a lista continental com 3,5 e 5,1 mortes intencionais respectivamente.
Por outro lado, o Brasil registrou taxas crescentes nos últimos anos, oscilando entre 20 e 26 a cada cem mil habitantes em 2012, para mais de 30 em 2017.
O documento também destaca que a taxa de mortes violentas na América Latina é entre oito e 11 vezes maior entre os homens do que entre as mulheres. Conforme a ONU, em números absolutos, Nigéria e Brasil, que respondem por cerca de 5% da população global, concentram por 28% dos homicídios no mundo.
Polícias
Um dos gráficos do relatório da ONU alerta para alto número de homicídios cometidos por policiais no Brasil na comparação com outros países das Américas.
Segundo o UNODC, em 2015, a polícia no Brasil assassinou 1.599 pessoas, na comparação com 218 em El Salvador, um dos países mais perigosos da América Central, 442 nos Estados Unidos e 90 na Jamaica. No mesmo ano, 80 policiais foram mortos no Brasil, comparados com 33 em El Salvador, 41 nos EUA e oito na Jamaica.
Armas de fogo também estão envolvidas “bem mais frequentemente” em homicídios nas Américas do que em outras regiões, segundo o relatório.
O relatório ainda mostra que meninos e meninas de até 9 anos estão mais ou menos igualmente representados em termos de números de vítimas. (Com agências)